Gestão de frota terceirizada: como monitorar comportamentos de risco em frotas terceiras

| Por: Caroline Ferroni

Uma das primeiras e maiores decisões de um gestor de frotas está em optar pela frota própria ou terceirizada. E, ao escolher a frota terceira, vem a decisão de contar com pequenos, médios ou grandes transportadores. Essas decisões representam grandes desafios enfrentados pelo gestor, mas o maior desafio ao optar pela terceirização está em como fazer a gestão de frota terceirizada.

A opção de frota terceira tende a se adequar muito bem a operações que priorizam a redução de custos e também para aquelas operações que necessitam de expertise específica para o transporte de suas cargas, seja por sua alta fragilidade ou pelo seu nível de periculosidade.

Um fator que, infelizmente, tende a ficar em segundo plano quando a opção é a terceirização é a segurança da frota. Muitas operações, ao terceirizar sua frota, acabam terceirizando também seus riscos.

Ao contrário do que muitos pensam, acidentes na frota terceira tem sim muito impacto sobre a operação contratante. 

Muitos transportadores terceiros não têm como prioridade a segurança da frota, levando-as a obterem maiores índices de acidentes de trânsito. E o que isso pode causar na sua empresa? Aumento de custos diretos e indiretos, perdas operacionais e comprometimento da reputação e imagem da sua marca.

Gestão de frota terceirizada: 3 passos para implementar uma cultura de segurança

Este, talvez, seja um dos pontos mais sensíveis da gestão de frotas terceirizadas. Muitos gestores se deparam com a questão “como garantir a segurança de uma frota que não está sob meu controle?” Isto é, sim, possível.

A solução está ligada à construção de uma cultura de segurança própria que deverá ser estendida aos transportadores terceiros por meio de incentivos legais e reconhecimento (financeiro ou não). Mas como fazer isso? Aqui vão algumas dicas!

#01. Obtenha parâmetros para realizar a gestão de frota terceirizada

Para gerir frotas terceiras é necessário, primeiramente, elencar indicadores/parâmetros de avaliação para saber se seu terceiro está cumprindo com os requisitos da sua cultura de segurança.

Mas como montar a sua própria cultura de segurança?

Para que uma cultura de segurança atinja terceiros, seu ideal já deve estar bem estruturado e ser vivenciado pela sua empresa. Afinal, aquilo que não conhecemos, não temos condições de exigir e sequer avaliar seu cumprimento. Ou seja, caso essa cultura não esteja bem enraizada e implementada no ideal da sua empresa, será muito difícil exigir que terceiros “comprem” essa ideia e engajem nessa cultura.

Por isso, o primeiro passo é arrumar a casa: a sua empresa e, principalmente, os diretamente envolvidos na gestão dessa operação, precisam internalizar aspectos dessa cultura para que, assim, consigam espalhá-los pelos terceirizados. Para isso, é preciso elencar os pontos de maior relevância para a construção da sua própria cultura de segurança, bem como o que é preciso para implementá-la. 

Quando falamos de cultura de segurança, nos referimos, principalmente, à prevenção de acidentes de trânsito. Já temos fortes indícios de que os acidentes são, em grande maioria, causados por falha humana, o que nos leva a concluir que, para prevenir acidentes, é necessário atuar sobre comportamentos de risco dos condutores.

Já falamos aqui no blog sobre os principais comportamentos de risco. Com isso, você já pode ter grandes insumos para elaborar quais indicadores são necessários mensurar em busca de uma frota mais segura.

Deste exercício, portanto, você provavelmente conseguirá retirar alguns requisitos necessários para terceiros atuarem em sua operação e, principalmente, quais indicadores serão mensurados para saber se existe ou não o cumprimento do que foi estabelecido. Dessa forma, a gestão de frota terceirizada ganha mais corpo e exatidão.

Isso nos leva a um segundo passo.

#02. Utilize de incentivos legais

Agora que você e toda a sua empresa conhecem a sua cultura de segurança, é hora de espalhá-las aos terceirizados. Para isso, o principal meio utilizado é o legal.

Como você já sabe quais as exigências e os parâmetros acompanhados pela sua empresa para obter mais segurança na operação, é hora de dispô-las em um instrumento contratual para que os transportadores terceirizados tomem conhecimento dessa cultura e cumpram com os requisitos.

Coloque na proposta e no contrato claramente o que será exigido da transportadora para que ela se torne um de seus fornecedores. Por exemplo: na sua cultura de segurança, você estabeleceu ser necessário ter em mãos dados sobre três principais comportamentos de risco no trânsito: curvas, acelerações e frenagens bruscas; infrações de velocidade; e distrações ao volante. Deixe claro a obrigatoriedade da transportadora em fornecer esses dados regularmente e, o mais importante, recomende os meios.

É fácil chegar ao terceiro e enfatizar a importância de acompanhar esses dados. Mas lembre-se: aquele fornecedor ainda não internalizou a sua cultura de segurança e pode recorrer a meios não tão confiáveis para cumprir com os requisitos do contrato. Por isso, ao dispor a exigência, sugira alguns meios para a transportadora concretizar o requisito.

Para o acompanhamento de indicadores de direção segura, o mercado conta hoje com diversas tecnologias, como a telemetria, o videomonitoramento e até sensores de fadiga e distração. Inclua na negociação fornecedores de sua confiança.

Neste momento, também nos deparamos com mais uma decisão para o gestor de frotas: arcar com os custos dessas tecnologias ou terceirizá-lo para o fornecedor. A segunda opção, é claro, também impactará custos para a sua operação, visto que o terceiro refletirá este custo adicional em sua proposta de prestação de serviços.

Ambas as opções possuem vantagens e desvantagens, por isso é necessário avaliar segundo a sua própria realidade.

#03. Promova ações de incentivo

Ao dispor obrigatoriedades contratuais, as ações de segurança podem ganhar, por parte da transportadora terceira, uma visão negativa. Por isso se faz tão necessário atuar em conjunto a incentivos não contratuais para que a obrigação se torne, de fato, uma cultura de segurança.

Para isso, é recomendado que se utilizem os meios para gerar reconhecimento às transportadoras terceiras. Uma boa opção é criar programas de reconhecimento a motoristas e transportadoras e gerar, entre seus fornecedores, uma competição saudável em busca de uma frota mais segura. 

Esta é, inclusive, uma estratégia presente nas operações da Raízen e da Klabin, como mencionaram no nosso webinar “Estratégias para mudar o comportamento de motoristas e terceirizados”.


Realizar a gestão de frota terceirizada é um desafio tão grande quanto gerir uma frota própria. É necessário que, acima de tudo, a segurança permaneça em primeiro lugar. Uma frota mais segura reverbera em uma condução mais econômica e uma gestão mais eficiente.

Autor

Caroline Ferroni

Caroline Ferroni

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